terça-feira, 31 de agosto de 2010

Hoje é um dia bacana para refletirmos sobre os cuidados que temos tido com o nosso corpo, com a nossa saúde, pois eles se refletem na alma. Já bem diz o ditado: “somos o que comemos”.


O metabolismo feminino fica mais lento a partir dos 40 anos e as necessidades calóricas diminuem em média 2% ao ano. Por isso, as mulheres precisam ter cuidado com as refeições para não ganhar gordura na fase adulta e na maturidade. Do contrário, é aumento de peso na certa.

Além disso, é preciso atenção especial ao consumo de cálcio, que previne a osteoporose. Este nutriente, que normalmente costumamos associar ao leite, pode ser encontrado em outros alimentos como brócolis, folhas verde-escuras, castanha, gergelim e feijão branco. A alimentação feminina costuma pecar, também, pelo excesso de sódio. Quando em quantidade exagerada, ele retém líquido e elimina o cálcio, impedindo que o organismo o absorva.

Outra vilã no cardápio da mulher é a gordura. A saturada – presente normalmente em queijos amarelos e em alguns alimentos de origem vegetal como o coco – deixa o sangue menos fluido, devendo ser evitada. Invista apenas na gorduras insaturada, que é saudável e pode ser encontrada no azeite, açaí e no abacate, por exemplo.

As mulheres que têm intestino preso costumam optar por produtos ricos em fibras ou bebidas que prometem ser reguladores intestinais. É preciso, porém, tomar cuidado, porque um mesmo produto pode ser ótimo para algumas e nem tanto para outras.

Quanto ao ferro, ele é essencial para o sexo feminino em todas as fases da vida, inclusive durante a gestação. Pode ser encontrado em vegetais folhosos verde-escuros e em carnes vermelhas como o fígado.

Abaixo, selecionamos alguns nutrientes indispensáveis para a mulher:

Vitamina A e betacaroteno, que tem como funções a regeneração dos tecidos e o fortalecimento do sistema de defesa do organismo. Fontes: leite e derivados, peixes, fígado, óleos. O betacaroteno é encontrado nos vegetais amarelos, alaranjados e verde-escuros.

Vitamina B6, que participa do controle dos sintomas da tensão pré-menstrual. Fontes: ovo, fígado, farelo de trigo, rins, soja, melão, aveia, amendoim e nozes.

Ácido fólico (ou Vitamina B9), que participa dos mecanismos de multiplicação das células. Fontes: folhas verdes, brócolis, espinafre, laranja, aspargo, trigo, arroz integral, levedo de cerveja.

Vitamina C, que fortalece as defesas do corpo e melhora a absorção de ferro. Fontes: frutas cítricas, abacaxi, laranja, caju, acerola, goiaba, tomate, morango, couve-flor.

Vitamina D, que participa da absorção do cálcio. Fontes: gema de ovo, leite, óleo de fígado de bacalhau, margarina, manteiga, sardinha.

Vitamina E, que auxilia na formação das gorduras e no combate aos radicais livres. Fontes: cereais integrais, gérmen de trigo, espinafre, ovos, castanhas, soja, brócolis.

Cálcio, que atua na manutenção óssea, prevenindo a osteoporose, além de participar do controle da pressão arterial. Fontes: leite, queijos, iogurtes, sorvetes, brócolis, feijão, peixe e nozes.

Ferro, que previne a anemia. Fontes: fígado, carnes, feijão e vegetais verde-escuros.

Zinco, que atua no metabolismo dos açúcares e no fortalecimento da resistência imunológica. Fontes: cereais integrais, nozes, sementes, ostras, fígado.


Fonte:  Luana Stoduto (nutricionista)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Comportamento: os males do individualismo excessivo

Um dos paradoxos de nossos dias está na exigência de profissionais competitivos, de um lado, e de cidadãos que saibam trabalhar de forma ética e viver em comunidade, de outro. Ou seja: querem que saibamos partilhar, mas somos estimulados, ensinados e cobrados a vencer e superar o próximo.

Exatamente porque essa cultura ainda predomina é que precisamos trabalhar, de forma cada vez mais sistemática, continuada e eficiente, para promover princípios éticos. O ambiente escolar e universitário deve propiciar situações concretas por meio das quais os estudantes vivenciem experiências de cooperação, resolução de conflitos e convívio com as diferenças. Não basta apregoar esses valores, é preciso que eles sejam exercitados na prática.

Precisamos perceber a relação direta de causa-efeito entre o discurso da competição extrema, do sempre levar vantagem, do vencer a qualquer custo, do cuidar somente de si e do que é seu, e o panorama geral da sociedade, marcado por violências, destruição ambiental, solidão e vazio existencial.

Muitas pessoas fazem de conta que uma coisa não tem nada a ver com a outra. É como se pensassem: eu posso ser egoísta, mas a sociedade deve ser solidária! Como é possível haver uma sociedade humanizada, justa e acolhedora formada por pessoas individualistas e egocêntricas?

A cultura ocidental contemporânea se caracteriza pelo individualismo e pelo imediatismo. E como todos nós estamos imersos nessa cultura, tendemos a acreditar que trabalhar em grupo seja uma tarefa quase impossível, algo que exija um esforço sobre-humano. Reconheço que não é fácil trabalhar em grupo; no entanto, "Sozinho se vai mais rápido, mas juntos se vai mais longe".

É trabalhando em grupo que a pessoa pode aprender mais, enriquecendo sua visão ao entrar em contato com percepções diferentes. É impossível a alguém enxergar a multiplicidade de ângulos de uma questão - principalmente se esta for complexa. Ora, a maior parte dos problemas que uma empresa (ou a sociedade) enfrenta são de grande complexidade, e requerem abordagens que incluam a diversidade, a multiplicidade e a multidimensionalidade. Isso só pode ser alcançado em grupo.

A dificuldade de se trabalhar em grupo reside no fato de que esse processo depende de um conjunto de qualidades, atitudes e competências que muitos não desenvolveram ao longo de um processo de escolarização tecnicista - empatia, escuta ativa, respeito às opiniões contrárias, tolerância para com o jeito de ser de cada um, humildade em reconhecer que não é o dono da verdade, cortesia etc. É por intermédio do diálogo e da participação que um grupo se constrói.

Obviamente, ninguém nasce sabendo trabalhar em grupo. É preciso aprender, e esse aprendizado se dá na prática e ao longo da vida. Observemos os estágios do desenvolvimento infantil: o bebê não admite partilhar seus brinquedos; a criança aceita emprestar o seu brinquedo a outra, desde que haja uma permuta; a criança maior já é capaz de participar em esportes coletivos; e o adolescente busca ativamente engajar-se em algum grupo e sente prazer na partilha. O amadurecimento se dá em direção a relações de cooperação e interdependência.

Mas a cultura pode tolher esse aprendizado. Não podemos tolerar o excessivo individualismo, egoísmo que nada constrói. Temos que reaprender a trabalhar - e a nos desenvolver - em equipe.


Fonte: Portal Administradores / Feizi Milani


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

As 10 lições de Lost para o mundo dos negócios. Confira as dez principais lições que a série deixa para o ambiente corporativo


Uma verdadeira legião de fãs pelo mundo, arrecadação financeira espetacular e considerado um verdadeiro "divisor de águas" em seu segmento. Há seis anos, Lost deixou de ser uma aposta da emissora americana ABC - como a série sobre sobreviventes de acidente de avião que caíram em uma ilha misteriosa - para se tornar um dos maiores fenômenos da TV de todos os tempos.

Só que Lost deixará muito mais do que apenas saudades em seus fãs. A experiência dessa série constitui em grande legado e aprendizado para aqueles que querem melhorar seus negócios e ter sucesso em seu empreendimento.

O programa ultrapassou os limites da televisão e se tornou multiplataforma, com diferentes mídias e uma diversificada linha de produtos. Tudo isso agregado a um formato inovador e interativo, além de um excelente marketing difusor da sua imagem.

Na última matéria da série especial sobre Lost do Portal Administradores, veja as dez lições que podemos tirar desse case de sucesso para o mundo dos negócios:


1 - Inovação para competir: O seriado Lost demonstra que ser inovador e buscar diversas formas de atingir seu público podem ser ferramentas decisivas para o sucesso. Lost surgiu no momento em que as séries de TV estavam presas à mesmice de seriados intermináveis e repetitivos. O mistério, o absurdo e a aparente falta de sentido no que está sendo exibido fomentaram o sucesso da série.

Todos os negócios possuem concorrentes diretos ou indiretos que estão sempre atentos às inovações. Para se manter e ser agressivo no mercado é necessário ter um diferencial ou uma vantagem competitiva, e saber surpreender o cliente pode ser a melhor forma de alavancar resultados.


2 - Saber escutar os "clientes": Os produtores e diretores de Lost souberam aproveitar as opiniões do seu público, disponíveis em vários locais da internet, como nas redes sociais, e principalmente nos índices de audiência do programa.

A tendência das ferramentas de feedback para identificar o grau de interesse do público-alvo está em alta. A troca de opiniões entre cliente e empresa amplia a interatividade e transforma esse relacionamento em alavancagem de vendas e estímulo de compras.

3 - Open 24h3 – Disponibilidade 24h: Lost fez com que o interesse de seus fãs não acabasse quando subissem os créditos do programa na TV. A interatividade que buscou proporcionar através de outros meios de comunicação, principalmente a internet, fez da série um marco de diversão do futuro, transformando-se em um produto verdadeiramente multimídia.

A falta de tempo em determinados horários deixou de ser um problema para o consumidor (cliente), pois com a internet é possível se conectar a qualquer hora, de acordo com sua vontade e disponibilidade. As empresas que souberem aproveitar todas as vantagens que a internet oferece vão sair na frente da concorrência. Usar desta facilidade significa estar disponível 24 h para atender o anseio do seu consumidor, quando ele realmente deseja.


4 - Exigência de qualidade e eficiência: Ter sucesso no negócio também depende de um produto de qualidade. Lost não faria tanto sucesso se os seus produtores e elenco não tivessem realizado um excelente trabalho.

Não adianta, por exemplo, as empresas investirem pesado no marketing de um produto ou serviço, se o mesmo não possuir qualidade. Além de não conseguir fidelizar seus clientes, esses consumidores poderão se tornar uma publicidade involuntária contrária para a empresa. Por isso, prime pela qualidade e eficiência de seu produto ou serviço.


5 - Focar novos caminhos para ampliar os negócios: Lost provou como pode ser útil investir em outros mercados a partir do seu foco e produto principal. A criação de novas modalidades de entretenimento, feitas pelos produtores de Lost, atingindo a TV, internet, livro, games, camisetas, além de outros meios, demonstrou que a partir de um único produto é possível criar novas formas de atingir o público e ganhar mercado.

Empresas que conseguem aumentar seu leque de abrangência com competência têm grandes chances de reverter essa estratégia em lucros e crescimento.


6 - Sucesso duradouro não vem por causa de sorte: Para aqueles que acham que ter sorte é o que vai fazer sua empresa crescer, está profundamente enganado. Ter uma postura inovadora, buscar novas formas de agregar valor a sua identidade e chamar atenção dos seus clientes, podem ser a melhor forma de alavancar resultados duradouros.

Esteja bem preparado, tenha um plano, metas claras e permaneça focado independente das circunstâncias ou dificuldades.


7 - Talento - Não deixe um talento escapar por não ter um cargo específico para ele no momento: No início da série Lost, quando ainda estavam recrutando os atores, diversos personagens tinham um período limitado na série, mas como foram identificados grandes potenciais, acabaram mantidos e se tornaram personagens essenciais para a trama, como, por exemplo, o personagem Jack. Além disso, outros personagens foram ajustados de acordo com o perfil do ator, entre eles, os personagens Charlie, Hurley, e Sawyer.

Ter pessoas capacitadas e talentosas dentro de uma empresa também é um fator diferencial para a empresa. Por isso, deve-se valorizar e buscar manter os talentos na organização, pois esses profissionais são capazes de trazer resultados surpreendentes para o negócio.


8 – Marketing bem elaborado: Na série, foram criados programas de marketing direcionados e bem elaborados para atrair e envolver ainda mais as pessoas. Esses programas produziram legiões de fãs.

Com planos de marketing inovadores e a condução de uma estratégia apropriada para cada produto específico, é possível alcançar resultados de intensa fidelidade dos clientes - estágio que deve ser construído passo a passo e sem perda do foco dos objetivos.

9 - Ajuda de clientes - Saiba utilizar seus clientes para ganhar mais clientes: Recomendações feitas por clientes se tornaram a nova moeda de valor no sucesso de uma empresa. Quando os clientes ficam realmente impressionados com seu produto ou serviço, tornam-se "vendedores não-oficiais", os quais se transformaram em uma poderosa força de marketing.

Nesse contexto, esse grupo de clientes satisfeitos pode ser convertido em uma ferramenta possante para aumentar o universo de clientes, por meio de depoimentos interpessoais espontâneos. Lost conseguiu isso com bastante eficácia.


10 - Mantenha as redes sociais sociáveis: Os fãs e produtores da série criaram vários canais virtuais para compartilhar teorias e participar de discussões.Só no Orkut mais de mil comunidades fazem referência à Lost e a seus personagens. O Facebook contabiliza mais de 500 grupos na categoria "artes e entretenimento".

Através de redes sociais, fórum, blog, e outros meios de interatividade, principalmente localizados na internet, é possível medir a força da marca e saber se seu produto ou serviço vem agradando seus consumidores.


Em Lost, essas dez atitudes diferenciadas fizeram com que uma legião de telespectadores quisesse saber mais sobre a ilha, seus personagens e os mistérios que surgiram nesse local enigmático, dando mais fôlego ao conteúdo do produto e atraindo cada vez mais pessoas ao programa.


Fonte:  Portal Administradores.com/Fábio Bandeira de Mello

sábado, 14 de agosto de 2010

Você é... ...o que você come E também quanto e como você come. Os alimentos podem ajudar ou prejudicar sua saúde. Mas não é recomendável sentar-se à mesa como se vai a uma farmácia ou lançar-se a excessos como um condenado em sua última refeição. O prazer do equilíbrio é a chave de tudo.


Quando o francês Jean Anthelme Brillat-Savarin cunhou, em 1825, a expressão "diga-me o que comes e eu te direi o que és", referia-se, sobretudo, aos prazeres de uma boa refeição. Em seu tratado de gastronomia A Fisiologia do Gosto, a primeira obra sobre a relação do homem com a comida, ele dizia que a elaboração de um novo prato causava mais felicidade à espécie humana do que a descoberta de uma estrela. Pouco mais de um século depois, na década de 1950, o sabor de uma boa refeição ganhou um tempero de culpa com a descoberta de que a gordura, em excesso, trazia malefícios à saúde. De lá para cá, uma série de estudos vem contribuindo para medicalizar o pão (e a carne, e a massa, e o doce) nosso de cada dia. Para o bem e para o mal. Alguns alimentos passaram a ser vistos como venenos e outros, como remédios. Entre os dois extremos, está você, fazendo a conta de quantas calorias vai ingerir no almoço, imaginando se suas artérias entupirão de vez com a feijoada programada para o sábado e pensando se, afinal de contas, não seria melhor evitar beber o quinto copo de vinho tinto da semana. É claro que as descobertas de médicos nutrólogos e nutricionistas são para ser levadas a sério. Mas não é igualmente evidente que elas não devem servir para criar neuroses. Você é, sim, o que você come – desde que entenda que, quando nos sentamos à mesa, o fazemos por motivos que vão além da nutrição pura e simples. Entre eles, degustar iguarias, compartilhar um grande momento com os amigos, participar de rituais e cerimônias familiares e até explorar novas culturas (mesmo que isso signifique não ultrapassar os limites de um frango xadrez). Tudo isso se perde quando você começa a encarar uma refeição como uma ida à farmácia. Qual a saída? Ter uma dieta equilibrada – em qualidade e quantidade. Tão equilibrada que lhe dê a chance de, vez por outra, cometer alguns "crimes" nutricionais. "A manutenção da saúde deve ser uma conseqüência, e não o único objetivo do ato de comer bem", diz o americano Michael Pollan, autor do livro In Defense of Food (Em Defesa da Comida), que está na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times.

Pollan está certo, mas é um radical, digamos, livre demais. Ele chega a afirmar que "a nutrição está na mesma posição que a cirurgia no século XVII: é uma ciência jovem e promissora, da qual você não quer ser a cobaia". Menos, Pollan. Repita-se que não se trata de jogar no lixo as descobertas feitas ao longo do último meio século. Já está provado que, das dez doenças que mais matam no mundo, cinco estão diretamente associadas a uma dieta de má qualidade: obesidade, infarto, derrame, diabetes e câncer – sobretudo o de mama, o de próstata e o de intestino. "Quem quer que seja o pai de uma doença, a mãe foi uma dieta deficiente", diz o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Não é preciso ser um freqüentador compulsivo de spas de emagrecimento para perceber que basta uma semana de alimentação regrada, frugal e saudável para o organismo funcionar melhor. O hálito melhora, o cabelo fica mais sedoso, a pele mais viçosa. Surge o ânimo para acordar mais cedo e, por que não, fazer inclusive uma caminhada. "A boa alimentação favorece o metabolismo, o sono e a regularidade do intestino e controla os radicais livres, as moléculas responsáveis pelo envelhecimento celular", diz a nutricionista Cristina Menna Barreto, de São Paulo. Até o nosso humor pode ser modulado pela alimentação. Certos nutrientes têm efeito direto sobre a produção ou a inibição de determinados neurotransmissores, responsáveis pelas oscilações do estado de espírito. "Uma pessoa que acorda, toma uma xícara de café e não come nada até a hora do almoço tem maior probabilidade de ficar com o humor azedo", diz o nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, de São Paulo. Existem, ainda, estudos que mostram a relação entre deficiência de ácido fólico e depressão. E uma pesquisa publicada recentemente no British Journal of Psychiatry indica que o uso de determinados suplementos nutricionais reduz a ocorrência de problemas de comportamento – entre eles a agressividade.

Muitos dos alimentos hoje demonizados foram essenciais para a evolução do homem. O consumo de carnes vermelhas garantiu a sobrevivência de nossos ancestrais em tempos de escassez de comida. Estocada sob a forma de tecido adiposo, a gordura animal representava a principal fonte de energia do pessoal das cavernas. Também se devem à dieta carnívora as proteínas que permitiram ao homem, entre outras coisas, criar o alfabeto, fabricar papel, inventar a tipografia e escrever livros que condenam... a carne. No século XVI, a inclusão da batata, tubérculo oriundo da América, no cardápio europeu possibilitou o ganho calórico que resultaria na Revolução Industrial. Mas nossos antepassados obtinham do mel e das frutas a quase totalidade do açúcar que constava de sua dieta. O doce vilão, que está na origem dos distúrbios metabólicos mais nocivos, não era onipresente como hoje. No entender de pesquisadores da história da alimentação, o gatilho para a epidemia de obesidade dos Estados Unidos, que se alastrou pelo mundo, foi justamente um açúcar: o amido de milho. "A adoção do milho é o fenômeno alimentar mais importante – e preocupante – da modernidade", diz o historiador Henrique Carneiro, autor do livro Comida e Sociedade. Dessa substância são fabricados os adoçantes e xaropes presentes em boa parte dos produtos industrializados, como os refrigerantes.

A fotógrafa americana Melanie Dunea lançou a seguinte pergunta a cinqüenta grandes chefs: "Se você fosse morrer amanhã, qual seria sua última refeição?". Em seu livro My Last Supper (Meu Último Jantar), foram poucos os que optaram por trufas, caviar e foie gras. A maioria escolheu refeições absolutamente simples. Gordon Ramsay, apresentador dos programas Hell’s Kitchen e Kitchen Nightmares, decidiu-se por rosbife com yorkshire pudding. A carne assada com molho, acompanhada de pudim salgado, é um clássico dessa licença nada poética chamada culinária britânica. E era um prato freqüente na mesa da família do escocês Ramsay. Jamie Oliver, chef inglês e também apresentador de programas de culinária, optou por spaghetti all’arrabiata e, de sobremesa, pudim de arroz. "É impressionante quão simples, rústica e despretensiosa é a maioria das seleções", escreve o chef Anthony Bourdain, no prefácio do livro. Ele próprio comeria em seu último jantar ossobuco com salsinhas e salada de alcaparras com torradas de baguete. "Há sempre uma volta às coisas da infância ou aos sabores regionais. A palavra ‘mãe’ é citada em pelo menos um terço das vezes", observou Bourdain em entrevista à revista americana Time. A lembrança de um prato não se resume ao seu sabor. Remete também a tempos felizes.

Ah, os refrigerantes, as batatas fritas, os hambúrgueres... Se eles não fossem tão gostosos, não teriam ganhado o planeta. Já as frutas, as verduras, os legumes... Bem, a verdade nua e crua (ou cozida, como queira) é que são alimentos difíceis de engolir para oito em cada dez pessoas (e para dez em cada dez crianças). Pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, desvendaram os mecanismos cerebrais que tornam uma fritura mais apetitosa do que um rabanete. Eles descobriram que as comidas gordurosas ativam uma região cerebral conhecida como córtex cingulado, a mesma que se acende quando recebemos um carinho ou sentimos o cheiro de um perfume.

A educação dos sentidos, no entanto, não é tão difícil como parece. Há uma máxima antiga segundo a qual "as doenças não afetam quem sabe o que comer, o que não comer, quando comer e como comer". Isso está ao seu alcance. A chave, aqui, é cultural. Gostar de vegetais implica educar o paladar – e antes dele, óbvio, o cérebro. Na verdade, trata-se de uma reeducação. Foi comprovada a existência de um instinto natural de seleção da comida. Um estudo realizado nos Estados Unidos é particularmente interessante. Os pesquisadores entregaram a crianças de péssimos hábitos à mesa dez tipos de alimentos naturais. Ao longo de uma semana, privadas de sua dieta habitual, elas conseguiram combinar tais ingredientes de forma a construir uma dieta variada e saudável. Não se recusaram a comer nada, nem repetiram sempre o mesmo prato. A capacidade de adestrarmos nosso paladar de modo a extrair prazer de comidas antes intragáveis também ficou evidente graças ao inglês Jamie Oliver, aquele chatinho dos programas de televisão. Há três anos, ele realizou uma campanha para banir as porcarias dos lanches e refeições servidos às crianças nas escolas públicas inglesas. Oliver ajudou a promover mudanças drásticas nesse cardápio – a merenda "junkie" à base de nuggets e salsichas cedeu lugar a saladas, frutas e receitas italianas. Tudo isso acompanhado do desafio de agradar aos estudantes. Deu certo. Em poucas semanas, o paladar da moçada, "mascarado" pelo consumo abusivo de gorduras artificiais, ficou, como dizer, menos inglês.

Se ainda não veio à sua cabeça a expressão, aqui está ela: bom senso. Pois é, nesse caso não dá para variar. E bom senso significa não exagerar nem no consumo nem na privação. Quer um exemplo? A exclusão de carne vermelha da dieta é responsável por carências de ferro e vitamina B12, nutrientes fundamentais para o organismo. Mais: de nada adianta seguir cegamente dietas como a japonesa e a mediterrânea, tidas como as mais saudáveis, sem levar em conta que você não vive no Japão ou às margens do Mediterrâneo. Uma dieta para ser equilibrada e prazerosa tem de se combinar ao ambiente em que se vive e à genética de cada um. Coma de tudo um pouco e tente transformar o ato de comer numa experiência mais agradável do que se restringir a uma porção de brócolis ou se entupir de frituras. De vez em quando, dá vontade de comer um hambúrguer? Não se prive desse prazer. Coma com calma, sem tanta gordura pingando no prato. Esforce-se para que pelo menos uma de suas refeições diárias seja uma experiência estética e, com o perdão da palavra, sinestésica. Tente melhorar a apresentação dos pratos, capriche na combinação dos alimentos e no seu colorido. Você dificilmente (e põe difícil nisso) se tornará um Marcel Proust, que escreveu o primeiro romance do monumental Em Busca do Tempo Perdido a partir das evocações proporcionadas por uma madeleine – mas, decerto, será alguém mais saudável e feliz.


Fonte:  Veja / 2008 / Anna Paula Buchalla

sábado, 7 de agosto de 2010

Carreira: será que não está na hora de mudar para fugir do comodismo?

O comodismo pode se tornar o pior inimigo dos profissionais, independentemente da idade ou da área de atuação que se encontram. Uma pesquisa realizada pela consultoria Korn/Ferry, com 365 empresas da América Latina, sendo 157 delas no Brasil, em 2009, verificou que 69% dos executivos-chefes gostariam de mudar o ramo de negócios em que atuam.

"Mudar, seja como e onde for, foge ao usual. É preciso agir diferentemente do que estamos acostumados, e isso demanda um gasto de energia além do que estamos dispostos a despender. Assim, chegamos a um nível de comodismo do qual sair parece pior do que continuar onde estamos, mesmo que insatisfeitos com a situação", afirma o consultor e diretor da Sociedade Cre Ser Treinamentos, Eduardo Shinyashiki.

De acordo com ele, a melhor solução encontrada para a insatisfação profissional e pessoal é a queixa, que normalmente é um sinal de desprazer com a vida que se leva.

Está na hora de mudar!
Muitos pensam que fugir da rotina significa empreender algo extraordinário, iniciar novas empreitadas, mudar completamente o cotidiano, afirma o consultor. Entretanto, poucos gestos podem mudar as nossas vidas de maneira significativa.

"Grandes mudanças também são formas de se fugir da rotina, mas novas experiências podem surgir de pequenas atitudes, como pegar caminhos diferentes do que o de costume para o trabalho, levar alguém querido para jantar fora, andar a pé, observar a cidade. Faça o que você quiser fazer, viva como você quer viver, respeitando os limites dos outros e, principalmente, seus próprios limites".

Entretanto, não existe uma regra que determine a hora certa de realizar essas mudanças, uma vez que todos os momentos das nossas vidas são passíveis de alterações. "Mudar significa optar por outra coisa que não a de sempre, e em todo e qualquer momento da nossa existência podemos optar por seguir novos caminhos, escolher novas opções e cabe somente a nós mesmos saber a hora de mudar", explica Shinyashiki.

Planejamento
O ponto de partida para a criação de um planejamento que possa alinhar o desejo à realidade é a sinceridade e o reconhecimento das atitudes que não estão nos favorecendo.

Deve-se definir o motivo de querermos mudar nossos atos e costumes. Assim que este plano estiver traçado, é chegada a hora de colocá-lo em prática, observa o consultor.

"Qualquer ato por nós praticado, sejam nossas atividades rotineiras e automáticas ou atitudes novas e de mudança, gera consequências positivas ou negativas. Muitas vezes, quando algo além da normalidade acontece, achamos que esse é o fim de nossa felicidade, ou até mesmo da vida, quando na verdade este momento ruim pode ser apenas uma oportunidade de transformamos nossa vida, nossa rotina e nós mesmos", finaliza.


Fonte: Infomoney

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mágica na cozinha - Para acabar com a monotonia dos cardápios de regime, nutricionistas chiques atendem em casa e transformam receitas engordativas em pratos de poucas mas saborosas calorias


Quem decide fazer regime convencional, aquele em que a pessoa simplesmente come bem menos do que gostaria, sofre duplamente. Primeiro, com a restrição calórica em si. Segundo, com a monotonia alimentar. Dá um aperto no estômago só de pensar que num dia é aquele desenxabido peito de frango grelhado com legumes no vapor e no outro, para variar, o insosso peixe grelhado acompanhado de salada (no jantar, descortina-se toda a ampla gama gastronômica que vai da sopa sem nada de gordura à gelatina diet). No combate à insipidez do cardápio, responsável por boa parte dos regimes fracassados, existe um exército quase secreto de mulheres bonitas e saudáveis que conciliam o diploma universitário com o avental. São as nutricionistas que trocaram o papel secundário nos consultórios dos endocrinologistas pelas cozinhas de clientes dispostos a pagar qualquer preço (mesmo, como se verá a seguir) para comer pouco, porém com sabor e variedade. Em busca de versões menos calóricas para receitas da culinária tradicional, elas adaptam para regime pratos como quiche, panqueca, musse e moqueca. Para substituírem ingredientes engordativos, fazem truques de prestidigitação culinária em que palavras desanimadoras como chuchu e abobrinha não aparecem na descrição do cardápio, mas se infiltram habilmente nos pratos. Tome-se, por exemplo, o tagliatelle com camarões da nutricionista carioca Christiane Rodrigues, 35. Para cada terça parte de massa, ela acrescenta dois terços de abobrinha cortada em tiras bem finas. "Fica com aparência de macarrão e deixa a receita 30% menos calórica. Dieta sem cara de dieta não é sacrifício", diz. "Tem sempre algo como o chuchu, que dá volume sem interferir no sabor", concorda outra especialista em magia culinária, Cecilia Corsi, 49, de São Paulo.

Na polenta com molho de carne magra adaptada por Cecilia, o fubá divide espaço com a abóbora, que, por causa da textura macia, dispensa o uso de manteiga. O resultado é que duas colheres de sopa têm 57 calorias, metade do valor calórico da polenta comum. Na mesma linha do parece mas não é, o arroz fantasia não passa de couve-flor cozida, picada e temperada com alho, cebola e salsa. São apenas 34 calorias em três colheres de sopa, contra 110 do arroz de verdade. O falso arroz é indicado para acompanhar pratos com molho, como o estrogonofe de frango – no qual, evidentemente, o suculento creme de leite é substituído por um magrinho requeijão light. Os truques de Cecilia são amplamente utilizados no serviço pioneiro que ela criou há um ano e meio: a marmita diet, um sistema sem congelados nem preocupações. Sua empresa entrega todo fim de tarde, em casa, uma sacola térmica com as seis refeições que o cliente deverá consumir no dia seguinte. Para mulheres saudáveis em dieta de restrição calórica, os pratos somam em média escassas 1 000 calorias e o cardápio é sempre surpresa (veja um exemplo). Preço algo salgado: 55 reais por dia, inclusive nos fins de semana, quando, "para alegrar a dieta da fofa", Cecilia inclui agradinhos como um cookie feito de proteína de soja texturizada. Apesar da descrição nada animadora, o resultado é surpreendentemente bom. A conveniência de ter todas as refeições à mão, sem sequer o trabalho do descongelamento, conta mais ainda. "O mais importante é a praticidade. Levo a sacolinha para a clínica e como lá", diz o oftalmologista Luiz Carlos Guarnieri, 65, que perdeu 12 quilos nos últimos dois meses.
Cecilia Corsi, a criadora do serviço de entrega de refeições por dia: "Tem sempre o chuchu para dar volume"

Aos 27 anos e físico esbelto, mas com boa experiência de privações, a nutricionista Alessandra Rodrigues tem como missão de vida transformar comida de regime em refeições palatáveis. "Minha mãe vivia de dieta e passei muito tempo comendo grelhados secos, legumes no vapor e salada", lembra. Alessandra estudou culinária, estagiou no restaurante de um hotel tradicional de São Paulo e hoje é uma das estrelas da nutrição domiciliar (ramo que também é chamado pelos desnecessários nomes de personal diet ou nutri home). Uma de suas maiores batalhas foi chegar a uma receita viável do filé à parmigiana (empanado em clara de ovo batida e depois assado). "Joguei muito filé fora até acertar", diz. Enquanto o salário mensal médio de uma nutricionista é de 1 616 reais, Alessandra cobra 1 300 reais por um dia de atividade na casa do cliente. Em ritmo intenso, reconheça-se: além de fiscalizar a despensa e a geladeira, prepara pratos congelados para vinte dias de regime. Alternativamente, dá um curso rápido de culinária light para a cozinheira da casa com duração de uma tarde (730 reais). Uma vez por mês, há a aula em grupo, que custa 290 reais. A nutricionista cuida do cardápio de famosos como a apresentadora Xuxa e o cantor Daniel, de famílias da política e de empresários do naipe dos Ermírio de Moraes. Apesar da agenda própria e bem remunerada, ela continua a trabalhar no consultório do cardiologista Roberto Kalil, médico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua mulher, Marisa. "Tenho um vínculo afetivo com ele e com seus pacientes", diz.

Passar até cinco horas na casa de um cliente, salvando-o das tentações culinárias, faz parte da rotina de Maria Pia Gallucci, 26. "Já atendi paciente às 10 horas da noite", conta a nutricionista, que cobra até 2 000 reais por um pacote completo de consultas e treinamento de funcionários domésticos. "Passei uma semana em Fortaleza e outra em São Luís para preparar o cardápio e treinar a cozinheira na casa de uma família. Ensinei até a fazer compras em supermercado." Um dos pratos de Maria Pia mais pedidos é o polpettone em encarnação menos calórica (peito de peru, farinha de trigo e forno). Um truque parecido é usado por Cristina Menna Barreto, 33, para seu atum com crosta de nozes. O peixe é empanado com uma colher de chá de nozes e uma porção de manjericão desidratado batidas no liquidificador e colocado no forno quente por dez minutos. As 310 calorias do preparo tradicional (farinha de rosca e ovo, frito em óleo mineral) caem para 195. Devido ao aumento de demanda, Cristina não atende mais na casa dos clientes: recebe-os em seu consultório, onde fornece orientações e pratos congelados, por 450 reais a 550 reais. Seu maior conselho a quem não pode arcar com custo parecido, nem com uma extrema variedade no cardápio, é desbravar o mundo dos temperos com destemor. "Os temperos fazem a alquimia de mudar o sabor da comida, mesmo quando o ingrediente principal se repete", diz.

No Rio de Janeiro, Christiane Rodrigues, a do tagliatelle emagrecido com abobrinha, agregou ao serviço de preparo de cardápios de dieta em casa (340 reais por três horas) a vigilância eletrônica: usa a internet e o celular para tentar manter o pessoal na linha. O monitoramento às vezes depara com certas resistências. Em resposta a uma mensagem de celular que perguntava como estava a dieta, uma paciente de Christiane respondeu em tom de desafio: "Estou comendo um leitão à pururuca com batata frita e tomando vinho. Tá bom para você?". Disciplina não é problema para a atriz Betty Faria, 67 anos muito bem conservados, cliente de Christiane há seis. "Aprendi com ela a não sair de casa sem levar a marmita com o almoço e os lanches. Assim, não como bobagem durante as gravações", diz Betty. Como faz parte de sua profissão, a nutricionista prega que a alimentação equilibrada deve ser adotada "para toda a vida", sempre com refeições leves – e gostosas – feitas a um intervalo não superior a três horas. Como, infelizmente, não existem mágicas de verdade nessa área, convém vigiar até os cardápios mais bem-comportados. "Chega ao cúmulo de ter gente que quer comida light saborosa só para comer o dobro", entrega ela. "Aí, não dá."


Fonte:  Veja / Sandra Brasil


"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”


Por: AMIR KLINK em Mar sem Fim