segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Alongue-se!

Se o nosso corpo viesse com um manual de instruções, o alongamento com certeza estaria em destaque, tamanha a sua importância para o bom funcionamento da “máquina humana”, onde as correntes e engrenagens são os nossos músculos e ossos. “O sistema muscular é inteiramente ligado ao articular, sendo isso o que nos confere mobilidade”, explica Natália Coronel, fisioterapeuta do Hospital Central da Aeronáutica. Ao mesmo tempo em que a musculatura contrai a cada movimento que fazemos, é importante, também, que ela experimente pausas de relaxamento para não desgastar. Como? Alongando!

Quanto mais alongado um músculo, maior (e com mais qualidade) será a movimentação da articulação comandada por ele. Resultado: maior flexibilidade. O alongamento proporciona, dessa forma, maior agilidade e elasticidade, além de prevenir lesões por esforço. É por isso que alongar é tão importante antes dos exercícios físicos, para aquecer o músculo, facilitando o ganho de massa, e ao final, para relaxá-lo. No entanto, a prática vai muito além disso. “Alongamento não é só no esporte, não é coisa apenas de atleta. É essencial, também, para a nossa rotina de agachar-levantar, dirigir, carregar as compras do mercado, lavar a louça e por aí vai. “Tudo é movimento”, explica a fisioterapeuta Natália Coronel.

Portanto, além de aquecer e relaxar os músculos, conferindo flexibilidade, e de preparar o corpo para atividades físicas, prevenindo lesões, o alongamento também reduz as tensões musculares, relaxando o corpo e deixando os movimentos mais soltos, leves. Além disso, alongar nos ensina a respirar bem, a manter uma postura ideal, ativa a circulação sangüínea, o que ajuda a aumentar o raciocínio, e combate até mesmo a osteoporose, estimulando a deposição de cálcio nos ossos.

Por isso, hoje em dia o alongamento não é praticado apenas como um complemento às demais atividades físicas, mas também como uma atividade em si, muito eficaz no desenvolvimento da consciência corporal, uma vez que quem alonga se concentra em cada parte do corpo trabalhada. Não à toa, existe o chamado “alongamento consciente”. Toni Rodrigues, professor da modalidade no centro de bem-estar Nirvana, no Rio, e na Cia. De Dança Deborah Colker, explica: “Se existe terapia para a mente e sendo o corpo diretamente ligado a ela, podemos concluir que o corpo alongado deixa o ser humano como um todo – e não só fisicamente – mais flexível e relaxado. Não há corpo sem pensamento”.

O professor enfatiza, também, a importância da respiração. No alongamento consciente, ela é longa, assim como no pilates e na yoga. “Respirar nos mantém vivos. É essencial aprender a respirar bem. Além disso, com a atenção voltada para a respiração, você pára de pensar no que está ao seu redor e se concentra apenas no movimento, em você”, destaca Toni.

O alongamento pode ser praticado em aulas, mas também sempre que você sentir vontade. De manhã, à tarde, no trabalho, assistindo TV, à noite... Segundo a fisioterapeuta Natália Coronel, o corpo “pede” para ser alongado. Mas se você reservar ao menos 10 minutinhos do seu dia para se alongar, pode ter certeza de que irá sentir uma grande melhora na sua qualidade de vida. Afinal, a musculatura “presa”, tensa, gera estresse não só do corpo dor, sensação de corpo pesado), mas também da mente. “Além disso, é interessante fazer um alongamento personalizado, como o RPG. As aulas coletivas trabalham alongamentos globais, bons para todo mundo, mas uma sessão direcionada trata das suas necessidades específicas”, completa Natália Coronel.

Não há restrição de idade. A fisioterapeuta do Hospital da Aeronáutica conta, inclusive, que o alongamento é bom até para bebês. “As únicas contra-indicações são: fratura, caso ela ainda não esteja completamente calcificada, e hipertensão. O hipertenso precisa tomar cuidado, pois, se ele prender a respiração durante o alongamento, pode elevar a pressão”, explica Natália Coronel. No mais, está liberado, desde que você respire corretamente, sem prender o ar, mantenha boa postura, faça os movimentos leve e suavemente, sem sentir dor, segurando-os por 30 ou 40 segundos.

Se a sua dúvida, porém, for como alongar, a fisioterapeura Natália Coronel ensina alguns exercícios:

- Para alongar a musculatura da coluna, se livrando da postura encurvada, o alongamento do tronco e do peitoral são fundamentais. “Deitada, abrace uma perna por baixo do joelho, puxando para você. Mantenha assim durante 30 segundos. Depois, repita o movimento com a outra perna e, por fim, faça o mesmo com as duas pernas ao mesmo tempo”, ensina Natália.

- Ou então se incline lateralmente (pode ser sobre o braço de um sofá), abrindo as costelas e mantendo a posição, mais uma vez, durante 30 segundos. “Se doer, pare. O alongamento, ao contrário do que muitos pensam, não pode provocar dor. Ela é sinal de que algo está errado, de que você está ultrapassando seu limite. Doeu? Então volte um pouco o movimento e mantenha a posição no ponto antes da dor”, aconselha a fisioterapeuta.

- Já se você trabalha muito tempo sentado, é bom fazer uma pausa para alongar a musculatura cervical. Mantenha o tronco ereto, fixo, e mova a cabeça para a direita, como se fosse encostar a orelha no ombro (mas sem mexê-lo). Enquanto isso, estique o braço esquerdo em direção ao chão, como se você quisesse tocá-lo com a mão. Depois, repita o processo movendo a cabeça para a esquerda e esticando o braço direito.

- Para alongar a musculatura posterior, das costas, incline a cabeça para baixo, levando o queixo ao peito. O movimento, no entanto, deve ser diagonal. Leve o queixo para baixo e para a direita (na direção do cotovelo direito), depois para baixo e para a esquerda (na direção do cotovelo esquerdo).

Alongue-se!


Fonte:  Portal Bem Leve / Daniela Pessoa


"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”


Por: AMIR KLINK em Mar sem Fim