sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Lifting do futuro Pele artificial produzida na Bionext, em Curitiba: possível uso em tratamentos estéticos

A maioria dos princípios ativos atualmente adotados pela indústria cosmética para aliviar as rugas associadas ao envelhecimento foi antes usada como remédio contra queimaduras. Não será total novidade, portanto, quando as peles sintéticas, hoje de grande utilidade nos hospitais, passarem a ter aplicações estéticas. É uma questão de tempo, apenas. Atualmente, em algumas terapias estéticas que envolvem descamações mais radicais da pele, os dermatologistas têm como recurso cobrir a área afetada com pele artificial. Enquanto a epiderme natural se recupera do trauma, sua equivalente sintética, feita de celulose, se encarrega de evitar infecções e de manter a hidratação. O uso de peles feitas com tecido humano, porém, ainda não fornece resultados estéticos satisfatórios. Diz Ronaldo Golcman, cirurgião plástico do Hospital Albert Einstein, de São Paulo: "Ainda não é possível substituir a pele natural por enxertos feitos em laboratórios para fins estéticos porque essas peles não têm a mesma qualidade. Elas podem se retrair ou apresentar pigmentação diferente".

Existe hoje uma dezena de tipos de pele artificial em uso nos hospitais ou ainda em fase de testes nos laboratórios. A pele é um dos órgãos do corpo que mais sofrem rejeição ao ser transplantados. Apenas gêmeos univitelinos podem doar a pele um ao outro com baixo risco de fracasso. A pele artificial contorna esse obstáculo natural. Ela pode ser feita com material sintético ou com células humanas. No caso de queimaduras graves, as mais usadas são a de colágeno e a de biocelulose. Esta é produto do metabolismo das bactérias Acetobacter xylinum, que se alimentam de carbono e secretam fibras de celulose. Depois de desidratadas, as fibras se transformam em membranas que lembram finos papéis de seda. À medida que a nova pele vai nascendo, a cobertura artificial se desprende. Gerardo Mendonza, da Bionext, fabricante de peles de biocelulose no Paraná, explica: "A trama da pele artificial é larga o suficiente para permitir a respiração dos tecidos, mas estreita o bastante para impedir a entrada de agentes infecciosos".

Mulheres principalmente, mas também muitos homens, com mais dinheiro do que senso, têm pago nos Estados Unidos e na Europa mais de 1 000 dólares por uma emulsão facial cuja matéria-prima viria de um laboratório militar secreto na Rússia, onde os cientistas da defunta União Soviética teriam produzido uma pele sintética quase perfeita. Desde 2005, sob o nome comercial de Amatokin, é vendida no exterior uma linha de cremes antirrugas com preço médio de 200 dólares que declara essa mesma e intrigante origem. Isso tudo soa incerto. O certo é que logo as pesquisas sobre a pele artificial vão abrir mesmo novos caminhos para tratamentos estéticos com resultados radicais.


A luta interna contra os radicais livres
Rick Gomez/Corbis/Latin Stock

Quando os cientistas começaram a desvendar com maior precisão os mecanismos do envelhecimento da pele, surgiram duas frentes nas pesquisas sobre como preservar a juventude por mais tempo. Uma levou aos cremes e a outros produtos de aplicação tópica, característicos da cosmetologia. A outra, cujas perspectivas eram igualmente promissoras, resultou em produtos de uso interno: compostos principalmente de pílulas de vitaminas, proteínas ou sais minerais que, ingeridas, ajudam a manter a pele saudável, eles receberam o nome genérico de nutricosméticos. Os primeiros apareceram no início da década de 90 e eram feitos à base de colágeno. Essa proteína presente no tecido conjuntivo é determinante na sustentação e firmeza da pele. Hoje, os nutricosméticos mais populares são fabricados com betacaroteno, vitaminas A, C e E, zinco, colágeno, licopeno, isoflavona e silício orgânico. Alguns desses componentes podem ser encontrados em combinação numa só pílula. O principal objetivo continua a ser o original: preservar e estimular a produção de colágeno.

A maioria das substâncias é oferecida por frutas e legumes (o licopeno está presente no tomate e a isoflavona na soja). Mas as pílulas reúnem uma concentração de elementos ativos que dificilmente se consome na alimentação diária. "A eficiência é maior que a dos cosméticos tópicos porque os nutricosméticos partem de dentro do corpo", disse a VEJA a engenheira química francesa Patricia Manissier, diretora de pesquisa e desenvolvimento dos Laboratórios Innéov, em Paris. Cada substância presente nas pílulas contribui de determinada maneira no esforço de combater os radicais livres, átomos de hidrogênio que ficam entre as células e que danificam as estruturas proteicas que dão sustentação à pele, entre elas o próprio colágeno. O stress, o cansaço, a má alimentação e a exposição ao sol aumentam a quantidade dos radicais livres. "O betacaroteno é uma das substâncias mais eficazes nesse processo, formando uma camada de proteção na pele que reduz os efeitos nocivos do sol", diz a dermatologista paulista Ligia Kogos. O licopeno, por sua vez, responsável pela coloração vermelha dos alimentos, estimula a produção de melanina e proporciona um bronzeado com aspecto mais natural.


PIONEIRA
Helena Rubinstein foi a primeira a produzir cosméticos específicos para cada tipo de pele

Antes de qualquer preocupação estética, a humanidade pintou o rosto por razões de saúde. Na pré-história, a doença era percebida como efeito da magia e a maquiagem era uma tentativa de afugentar espíritos perversos. O conhecimento sobre os detalhes da pele só avançou depois da descoberta do microscópio, no século XVI. O grego Hipócrates, que nasceu em 460 a.C. e é chamado de o pai da medicina, sustentava que as doenças de pele poderiam ser, na verdade, benéficas ao homem. As "crises felizes", como ele as denominou, teriam o poder de purificar o organismo e não deveriam ser tratadas. Muitos tratamentos de eficiência comprovada foram adotados graças à observação da relação causa-efeito. Os antigos egípcios pintavam o contorno dos olhos com uma pasta de carvão e chumbo. Era excelente para evitar a infecção ocular causada por uma bactéria. Em compensação, os metais pesados usados na mistura iam lentamente intoxicando a população. Cleópatra, a última rainha do Egito, tomava banhos com leite de cabra e passava óleos vegetais. São ingredientes usados hoje, com aprovação científica, em cremes hidratantes. Só no início do século XX, quando Helena Rubinstein identificou quatro tipos de pele e criou cosméticos específicos para cada um deles, a cosmetologia entrou na era da ciência.


Fonte:   A pele lisa eterna/Humberto Michalchuk

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”


Por: AMIR KLINK em Mar sem Fim